quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Filhos de desencontros

Ele queria
Mas ela não dava trela
Viviam em desarmonia
Entre resmungos e querelas

Para ele
Ela era só um pesar a mais
Para ela
Ele era sensível demais

Ele era o amor
Ela, a dor
E daí nasceu paixão
Filha única da relação

Do pai herdou a imaturidade
Da mãe ficou com a depressão
Vivia a vaguear pela cidade
Chorando amiúde sua solidão

Já crescida, se apaixonou
Mas o ódio não correspondia
Deitou, rolou, se jogou
Para ver se assim aparecia

O ódio odiava essa exibição
Mas acabou aceitando o casamento
Tiveram o engano e a desilusão
Irmãos gêmeos até em pensamento

O engano virou padre
Pois não se casava com ninguém
A desilusão, prostituta
Por ter ficado sozinha também

Desde então o engano vive na igreja
Louvando um amor que ele nem conheceu
A desilusão à noite festeja
Como a coveira da dor que morreu