sexta-feira, 28 de março de 2008

Ciclo de aparências

Vi isso como um vício
Inevitável, submisso
Ela traiu seu compromisso
Ao render-se àquele feitiço

Compromisso comprimível
Reduzido em baixo nível
Escrachou, mandou embora
Escorchou, jogou fora

O outro ? Uma feiúra
Só faltava a ferradura
Que ele atirou, porventura,
Rachando a cabeça da ex-mulher - Pobre criatura !

Essa ? Uma coitada
De vontades rejeitadas
Mal-vestida, mal-tratada
Arrastando-se nos pés
de quem com ela não quer nada

Esses ? Uns ignorantes
Pois desprezam pelo semblante
Mulher como aquela, deselegante
Jamais renderia-se a um amante

Aparência é o que interessa
Lealdade pouco importa
Porém, ela continua sem pressa
Oferecendo-se de porta em porta

quinta-feira, 27 de março de 2008

Loucura sem cura

Ela sempre foi sem pressa
Pr'essa preciosa não havia promessa
Quem a conheceu, confessa:
- Só de abrir a boca desinteressa

Vez por outra me deixava sem graça
Gracejando zombarias em forma de pirraça
Desgraçada ! - ainda se achava engraçada
Quando, de graça, gralhava sua gargalhada

Curiosa, ela procura
a dura cura da loucura
sem saber que crua ela dura
encubada, obscena, obscura

Em cansar de não encontrar,
a loucura vira sossego
Alcançar o bem-estar
é agora seu maior desejo

Mas seu sossego se cega
e em escala se instala
Amanhecerá preguiça
E amanhã será bengala

E se me procurar, por acaso
Não vou levá-la como um caso
Nem tratá-la com descaso
Só vou dizer, casualmente,
que com ela não me caso