sexta-feira, 4 de julho de 2008

Um satélite de lembranças

Naquele relento me vejo passar
Idéias, poemas, um sonho, um lugar
Fantasio um simplório momento
E ofereço ao próximo que atravessar

Vem passando um senhor com pressa
A passos fortes, a me encarar
Lembro do meu pai, desperto um sentimento
Some acelerado, como quem vai me buscar

Distraio-me com a criança, do outro lado da rua
Ao lado da mãe, feliz, a cantar
Em um instante resgato, de um passado remoto
Minha afinidade materna; o afago do lar

Quem cruza agora é um bando de garotos
Trazendo barulho, de tanto falar
Identifico em cada um deles um velho amigo
Com quem, na juventude, eu pude contar

Do outro lado da rua vem a minha vida
Pára diante de mim, quer me intimidar
Mas vejo nela um refúgio de lembranças
Um satélite, em órbita, no mesmo lugar