terça-feira, 31 de maio de 2011

Manhã poética

Hoje eu acordei poeta
Se não completamente
Ao menos um pouco mais

Como um bandido
Que acorda pro crime
Sem sono nenhum
E sente
Que além da casa quieta
Alguma outra coisa
vem roubar-lhe a paz

Ou como um cachorro
Que acorda ganindo
E cagando onde não deve
Pois sente que assim
Ele é um pouco mais
Cachorro

Nesse instante
Tudo é poesia
Por mais que seja breve
Transforma-se
Em belezas
De se sorrir
com o canto da boca
E o fundo da alma

Tudo está em calma
Menos eu
Quando acordo poeta
Injetando emoção
Onde não há

Deixei a casa
De janelas abertas
Para que ela passasse frio
Escolhi as ruas
Mais desertas
Onde talvez passassem rios

Agradeci o vento
Que fez as árvores
Acenarem para mim
E chorei sorrindo
Meio escondido
Para não comover
Todo o jardim

Nesse instante eu sou poeta
Mais do que antes -
há dias atrás

Nesse instante eu sou poeta
Mas talvez, daqui em diante
Eu já não seja mais

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sem contato

Seu silêncio me diz algo
Não consigo entender
O quê?
Ou ele não diz nada
E é você que simplesmente
Não tem nada pra dizer?

Não, não, não
Seu olhar me dá ordens
Eu consigo perceber
Mas por mais que você olhe
Eu não posso obedecer
Porque não sei o quê

Seus cabelos maltratados
O que querem me dizer?
O que está acontecendo?
O que houve com você?

Seu silêncio me responde
Que não era nada disso
O que eu tinha que dizer
Não sei porquê