terça-feira, 31 de maio de 2011

Manhã poética

Hoje eu acordei poeta
Se não completamente
Ao menos um pouco mais

Como um bandido
Que acorda pro crime
Sem sono nenhum
E sente
Que além da casa quieta
Alguma outra coisa
vem roubar-lhe a paz

Ou como um cachorro
Que acorda ganindo
E cagando onde não deve
Pois sente que assim
Ele é um pouco mais
Cachorro

Nesse instante
Tudo é poesia
Por mais que seja breve
Transforma-se
Em belezas
De se sorrir
com o canto da boca
E o fundo da alma

Tudo está em calma
Menos eu
Quando acordo poeta
Injetando emoção
Onde não há

Deixei a casa
De janelas abertas
Para que ela passasse frio
Escolhi as ruas
Mais desertas
Onde talvez passassem rios

Agradeci o vento
Que fez as árvores
Acenarem para mim
E chorei sorrindo
Meio escondido
Para não comover
Todo o jardim

Nesse instante eu sou poeta
Mais do que antes -
há dias atrás

Nesse instante eu sou poeta
Mas talvez, daqui em diante
Eu já não seja mais