segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Só é poeta

Qualquer um não pode mostrar-se sensível
A ponto de perceber a tristeza alheia
A alma do poeta eleva-se a tal nível
Compreende o passarinho que não gorjeia

Vive de amor, sofrimento e esperança
De um dia alcançar a felicidade plena
Às vezes vê cores que só veria uma criança
Às vezes vê dores de proporções tão pequenas

Emociona-se como um pai, mesmo sem filhos
Pena como um cachorro, mesmo sendo gente
Perde sua amada sem perder o brilho
Faz dessa garoa arrasante enchente

E para sempre vai relembrar a cicatriz
Nas confissões confusas de um soneto
Das desavenças passadas remove o verniz
Resgata-se o abatimento branco e preto

Só é poeta quem padece quando outrem diz,
em mágoas declaradas, que não é feliz

Só é poeta quem pode rimar amor e dor
Isento do falso sentimento de um ator

Só é poeta quem chora
Quem ri, quem namora

Só é poeta quem sofre
Quem vive, quem morre

Ora! Mas de que serve,
Só é poeta