segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Motim

Enquanto uma mão atava um companheiro
A outra acenava para os apartamentos
O anseio era de ampliar a legião
Encorajar o ingresso ao movimento
Não por receio, nem por pavor
Mas pelo calor que abarcava o momento

Entre sirenes e estampidos
O coro chamava pela mudança
Por trás do fogo e da fumaça
Eu via, nos olhos alheios,
Um brilho triste de esperança

Sem eles eu não era ninguém
Sem mim eles não eram também
Representávamos a união
O medo então era dividido
A um por um na multidão

Ah! Filhos da pólvora...
O ódio agora está sem saída!
Emancipem essas mentes malignas!

E assim vidas eram oferecidas
Em troca de vidas mais dignas

Mas a sanguinolência era prazerosa
E a permuta acabava em barganha
Levavam vidas preciosas
Sem pressa e nem probidade
Sem piedade de nossas entranhas

Perto do meu fim, enxerguei um começo
Ao fenecer, nasceria um herói
Que queria a alegria a qualquer preço
Fazendo da voz do povo a própria voz
O que restou foi meu grito ao avesso
Pois a morte, contudo, não o destrói