terça-feira, 8 de abril de 2008

Laranja anacrônico

De rosto alaranjado
Desprovido de beleza
Maltrapilho atrapalhado
Cafona por natureza

Ao matrimônio do irmão
Garantiu sua presença
Convidado por obrigação
Já esperavam a indecência

Ao aprontar-se para a missa
Elegeu a pior das camisetas
Bermuda laranja-fluorescente
Com um par de meias violetas

Do padre levou um sermão
Ouviu dizer que não tem cabimento
Foi condenado a vestir-se com adequação
E voltar elegante para o casamento

Arriscando-se ao ridículo
Seguiu à risca esse conselho
Tirou do armário o velho terno riscado
Em vinho, marrom e vermelho

Para a noiva, motivo de vergonha
Para o noivo, razão de zombaria
Para o padre, pecado de peçonha
Para ele, comovente liturgia