Queria eu desenredar a felicidade
Cantá-la em versos de enlevo
Enaltecê-la em verbo e adjetivo
Mas quando estou feliz, vivo
E quando me chateio, escrevo
Ah! Que bom seria
Saltitar as letras
Cantarolar em poesia
Cadenciar minha história
E oferecer-te em alegria
Mas o papel me carrega aos ombros
E ofusca a brancura do meu sorriso
A melancolia volta como um assombro
Quando encaro esse triste vazio
Onde, em escombros, já consumi o meu juízo
(No papel não cabe meu encanto
Ou a imensidão de um paraíso
Existe só para enxugar meu pranto
E dar o consolo que preciso)
Quem dera eu!
Escrever o êxtase de ser feliz
De brincar na cachoeira ou no chafariz
Correr atrás dela como um peão de bota e laço
E laçar o meu amor com um desengonçado abraço
Contar dos rios, do Sol, do vira-lata
Do moleque escondido na saia da mulata
Saudar a chuva que cai reluzente
E achar graça se ela molha a gente
Ah! Felicidade...
Esse é o bem que ela me faz
Como é bom poder sentir
Mas não perco tempo - Até mais!
Vou sorrir por aí