sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Túmulo aberto

Já privei sua naturalidade
Com os segredos mais proibidos
Sua boca não tem mais liberdade
Pois rendeu-se aos seus ouvidos
Passou a dizer tudo pela metade

Não descamba seus pensamentos
Temendo um possível vacilo
De cair no esquecimento
E, enfim, entregar o sigilo
Eu assisto o discurso atento

Suas frases não têm mais sentido
As palavras pedem cobertura
Fala em tom mais que contido
Mata os detalhes na sua clausura
Recorre sempre para o subentendido

A gagueira completa o vazio
O fingimento te deixa xadrez
A verdade agora está por um fio
Você vai me entregar mais uma vez
Meu semblante é o mais sombrio

E num ato de liberdade
Sua boca rebenta as algemas
Seu sentimento é de tranquilidade
Você se livrou desse problema
E passou para toda a cidade